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RECOMENDAÇÕES

Alimentos anti-inflamatórios e antioxidantes auxiliam o manejo da DPOC

Neste cenário, é imprescindível que os profissionais de saúde saibam promover o manejo adequado desta enfermidade. Embora o tratamento convencional seja centrado nos fármacos, mudanças de estilo de vida podem fazer uma diferença significativa na melhora dos sintomas, incluindo o tratamento nutricional. 

A seguir, confira as principais recomendações dietéticas para pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica

Qual a melhor alimentação para quem tem DPOC?

A dieta para paciente com doença pulmonar obstrutiva crônica não destoa das principais orientações para o seguimento de uma alimentação saudável. Entretanto, algumas recomendações são particularmente importantes, incluindo:

Proteínas

Muitos pacientes com DPOC possuem um declínio do estado nutricional, com perda de peso, perda muscular, ou obesidade sarcopênica

Portanto, é importante que haja uma adequada ingestão proteica, de modo a preservar a massa muscular, promover a recuperação e fortalecimento dos músculos respiratórios, e auxiliar na manutenção de um peso saudável.

Para pacientes com DPOC, indica-se fontes de proteínas magras, como peixe, frango, ovos e leguminosas.

Frutas e vegetais

O estresse oxidativo e a inflamação são os principais processos patogênicos da DPOC, associados ao tabagismo, exposição à poluição, infecções e outros fatores. Sendo assim, alimentos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, como as frutas e os vegetais, se tornam essenciais no tratamento da doença.

Sobretudo, estudos científicos apontam um papel benéfico das frutas duras, como maçã e pêra, ao invés das frutas moles e cítricas, na preservação da função pulmonar. Além disso, pimentões e vegetais de folhas verdes já se associaram a um menor risco de DPOC.

Fontes de ômega-3

Embora os dados sejam controversos, a ingestão alimentar de ômega-3 pode ser interessante na doença pulmonar obstrutiva crônica. Alguns metabólitos de EPA e DHA são potentes vasodilatadores e broncodilatadores, além de apresentarem propriedades anti-inflamatórias.

Nesse sentido, pesquisas científicas sugerem que o aumento de peixes gordurosos, ricos em ômega-3, melhoram a função respiratória e os sintomas da DPOC. Fontes vegetais de ômega-3, como chia e linhaça, também podem trazer benefícios.

Alimentos fibrosos

A alta ingestão de grãos integrais pode favorecer a função pulmonar, e já foi relacionada à menor mortalidade por DPOC. Parte da ação protetora destes alimentos é atribuída ao seu conteúdo de fibras, que possui propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. 

Em grandes estudos prospectivos, o alto consumo de fibras diminuiu em 40% o risco de DPOC, principalmente para aquelas provenientes de cereais integrais, como arroz integral, aveia e quinoa. 

Polifenóis

Os polifenóis são os antioxidantes mais abundantes na dieta humana, e parecem proteger a função pulmonar. 

De fato, em um estudo holandês, a alta ingestão de catequinas foi associada a menos sintomas de DPOC (coriza, falta de ar e tosse).

Já em outra pesquisa transversal asiática, uma dieta rica em curcumina, derivada de cúrcuma, protegeu a função pulmonar em fumantes. Resultados semelhantes são encontrados para as antocianinas e as isoflavonas da soja. 

O consumo moderado de vinho também já se associou ao menor risco de obstrução das vias aéreas, por conta de seu alto teor de flavonóides e resveratrol.

Suplemento nutricional para DPOC

Além de uma alimentação saudável, a suplementação de certos nutrientes pode ser um tratamento auxiliar para a doença pulmonar obstrutiva crônica.

Em relação às vitaminas, evidências crescentes apontam a vitamina D como um nutriente benéfico na DPOC, por conta de seu papel no crescimento e desenvolvimento pulmonar, bem como nas respostas imunitárias da doença. 

Em um ensaio clínico controlado e randomizado, a suplementação de vitamina D, combinada à reabilitação pulmonar, gerou melhorias na força muscular inspiratória e no consumo máximo de oxigênio em pacientes com DPOC. Entretanto, este efeito parece ser exclusivo para pacientes com deficiência de vitamina D. 

Ademais, a suplementação de vitamina C e E também já foi associada à melhora nos índices de DPOC. Por exemplo, em um estudo com 487 participantes, a suplementação de vitamina C (≥400 mg/dia) melhorou os níveis de antioxidação sérica e a função pulmonar. 

Por fim, alguns minerais parecem estar insuficientes em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica, como o cálcio, o magnésio, o selênio e o zinco. 

Embora possam ser obtidos através da alimentação, a suplementação pode ser uma via quando a dieta não supre suas recomendações. Em um estudo que investigou a suplementação de selênio (200 µg/d), tal estratégia atenuou o declínio do fluxo expiratório forçado em fumantes. 

Quem tem DPOC não pode comer o que?

Enquanto alguns alimentos e nutrientes são benéficos na doença pulmonar obstrutiva crônica, outros parecem exacerbá-la. São exemplos a carne vermelha e processada, gordura saturada, alimentos com alto índice glicêmico, e um consumo elevado de sal, ômega-6 e álcool.

Cerca de 50 g por semana de carne vermelha e processada, como bacon, presunto e salame, aumentam em 8% o risco de DPOC, além de se correlacionarem com a gravidade da doença. 

Estes alimentos possuem nitritos, que amplificam processos inflamatórios nas vias aéreas e no parênquima pulmonar, causando danos ao DNA, inibição da respiração mitocondrial e disfunção celular. 

Já os alimentos com alto índice glicêmico, como grãos refinados, doces e bebidas açucaradas, podem desencadear respostas inflamatórias, estresse oxidativo, além de promover infecção pulmonar através da concentração de glicose nas vias aéreas.

Em seguida, o consumo elevado de sal leva à inflamação e retenção de líquidos, aumentando o volume sanguíneo e a pressão arterial, e dificultando a respiração. Por isso, evitar o uso excessivo deste ingrediente, seja como sal de mesa ou em alimentos industrializados, é uma orientação na DPOC. 

Outras recomendações para a doença pulmonar obstrutiva crônica

Finalmente, recomendações nutricionais extras para o tratamento da DPOC incluem:

Comer 6 vezes ao dia: fazer várias refeições ao longo do dia, em pequenas quantidades, ajuda a evitar exageros na hora de comer. O excesso de comida pode dificultar a respiração depois das refeições.

Hidratação constante: beber uma boa quantidade de água facilita a produção de muco, a expectoração e a limpeza dos pulmões. Entretanto, deve-se evitar grandes quantidades de líquidos antes de dormir, para minimizar o risco de retenção de líquidos e dispneia durante a noite.  

Descanso adequado: recomenda-se descansar antes e depois das refeições, escolhendo alimentos de fácil preparo, além de armazenar alimentos pré-preparados para períodos de falta de ar ou cansaço.

Vale ressaltar que o tratamento nutricional da DPOC não deve substituir a terapia farmacológica. Além disso, deve ser combinado com outras estratégias, sendo estas a cessação do tabagismo, a baixa exposição à poluição e outros irritantes, programa de exercícios físicos e a reabilitação pulmonar.

Referências:

Beijers RJHCG, Steiner MC, Schols AMWJ. The role of diet and nutrition in the management of COPD. Eur Respir Rev. 2023 Jun 7;32(168):230003. doi: 10.1183/16000617.0003-2023. PMID: 37286221; PMCID: PMC10245132.

Lei T, Lu T, Yu H, Su X, Zhang C, Zhu L, Yang K, Liu J. Efficacy of Vitamin C Supplementation on Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD): A Systematic Review and Meta-Analysis. Int J Chron Obstruct Pulmon Dis. 2022 Sep 10;17:2201-2216. doi: 10.2147/COPD.S368645. PMID: 36118282; PMCID: PMC9473551.

Manual da DPOC. Hospital Santa Cruz. 

Scoditti E, Massaro M, Garbarino S, Toraldo DM. Role of Diet in Chronic Obstructive Pulmonary Disease Prevention and Treatment. Nutrients. 2019 Jun 16;11(6):1357. doi: 10.3390/nu11061357. PMID: 31208151; PMCID: PMC6627281.

Fonte: Redação Nutritotal PRO

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